quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Certas Esperanças

Amanhã é Natal. E hoje, este pastifício compartilha com seus amigos uma linda receita. Não para a ceia, pois para esta, cada um tem a sua. Mas uma escrita por Sérgio Porto, para a revista Manchete, há mais de cinquenta anos. Que deixa a vida mais suave...

Certas Esperanças
(Sérgio Porto)

É preciso — é mais do que preciso, é forçoso — dar boas festas, trocar embrulhinhos, querer mais intensamente, oferecer com mais prodigalidade, manter o sorriso e, acima de tudo, esquecer tristezas e saudades. Façamos um supremo esforço para lembrar e sermos lembrados, porque assim manda a tradição e é difícil esquecer à tradição. Enviemos cartões e telegramas de felicitações àqueles que amamos e também àqueles que — sabemos perfeitamente — não gostam da gente. O Correio, nesta época do ano, finge-se de eficiente e já lá tem prontos impressos para que desejemos coisas boas aos outros, nivelando a todos em nossos augúrios.

Depois de abraçar e ser abraçado, desejar sincera e indiferentemente, embrulhar e desembrulhar presentes, cada um poderá fazer votos a si mesmo, desejar para si o que bem entender. Subindo na escala das idades, este sonhou todo o mês com um trenzinho elétrico, aquele com uma bicicleta (com farol e tudo), o outro certa moça, mais além um quarto sonhador esteve a remoer a idéia de ser ministro e o rico... bem, o rico só pensa em ser mais rico. O rico detesta amistosamente os ministros, já não tem olhos para a graça da moça, pernas para pedalar uma bicicleta e, muito menos, tempo para brincar com um trenzinho.

Dos planos de cada um, pouquíssimos serão transformados em realidade. Alguns hão de abandoná-los por desleixo e a maioria, mal o ano de 56 começar, não pensará mais nele, por pura desesperança. O melhor, portanto, é não fazer planos. Desejar somente, posto que isso sim, é humano e acalentador.

De minha parte estou disposto a esquecer todas as passadas amarguras, tudo que o destino me arranjou de ruim neste ano que finda. Ficarei somente com as lembranças do que me foi grato e me foi bom.

No mais, desejarei ficar como estou porque, se não é o que há de melhor, também não é tão ruim assim e, tudo somado, ficaram gratas alegrias. Que Deus me proporcione as coisas que sempre me foram gratas e que — Ele sabe — não chegam a fazer de mim um ambicioso.

Que não me falte aquele almoço honesto dos sábados (único almoço comível na semana), com aquele feijão que só a negra Almira sabe fazer; que não me falte o arroz e a cerveja — é muito importante a cerveja, meu Deus! —, como é importante manter em dia o ordenado da Almira.

Se não me for dado comparecer às grandes noites de gala, que fazer? Resta-me o melhor, afinal, que é esticar de vez em quando por aí, transformando em festa uma noite que poderia ser de sono.

E para os pequenos gostos pessoais, que me reste sensibilidade bastante para entretê-las. Ai de mim se começo a não achar mais graça nos pequenos gostos pessoais. Que o perfume do sabonete, no banho matinal, seja sempre violeta; que haja um cigarro forte para depois do café; uma camisa limpa para vestir; um terno que pode não ser novo, mas que também não esteja amarrotado. Uma vez ou outra, acredito que não me fará mal um filme da Lollobrigida, nem um uísque com gelo ou — digamos — uma valsa.

Nada de coisas impossíveis para que a vida possa ser mais bem vivida. Apenas uma praia para janeiro, uma fantasia para fevereiro, um conhaque para junho, um livro para agosto e as mesmas vontades para dezembro.

No mais, continuarei a manter certas esperanças inconfessáveis porém passíveis — e quanto — de acontecerem.

Publicada na revista "Manchete" nº. 193, de 31/12/55.

Sérgio Porto, suas filhas e certas esperanças...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Papardelle rústico com ragú de cordeiro

Dá trabalho, mas vale a pena. Papardelle rústico, feito em casa, com ragú de cordeiro, pra começar bem a segunda-feira, compartilhado com os amigos Lomba, Fabiana, Lorena, Luiza e Bebel...

Ingredientes (para 6 pessoas)
Um pernil de cordeiro assado
Duas cebolas
Duas latas de tomate pelado
Quatro tomates pomodoro
Uma cenoura ralada

Para a massa -
300g de semolina
300g de farinha de trigo
6 ovos caipiras

Coloque a farinha num recipiente. Adicione os ovos. Misture bem com uma colher e depois use as mãos, deixando a massa uniforme. Faça uma bola com a massa e a envolva num filme plástico. Deixe descansar na geladeira por meia hora. Abra a massa com um cilindro até obter a espessura desejada, nem muita fina, nem muito grossa. Use seu feeling. Vá polvilhando farinha para evitar que a massa grude no cilindro. Corte a massa com uma faca, de forma bem rústica. Desfie o pernil assado. Prepare o ragu, com as cebolas picadas, a cenoura ralada, os tomates pomodoro e os tomates pelados. Adicione o pernil de cordeiro desfiado e deixe cozinhar, em fogo baixo por aproximadamente duas horas. Prepare o parpardelle e adicone o ragú.


Turminha satisfeita após o papardelle

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Farfalle com Frutos do mar

Farfalle, aquela massa em formato de gravatinha, é o prato do jantar das segundas-feiras. Sem planejar, pensar em receitas, os ingredientes rapidamente se acumulam em cima da bancada e...pronto. Cozida ao dente, sempre regada com muito azeite e pimenta dedo de moça sem sementes, bem picadinha, o resto se complementa com o que há no congelador. No caso, ingredientes zimbreiros para uma segunda especial: rabos de lagostas e mariscos, que se complementaram com bacom em tiras dourados e ervilhas frescas.
200 grs. de Farfalle
4 rabos de lagostas cozidos rapidamente em água fervente (5 minutos, no máximo)
500 grs de mariscos frescos, na casca (se for posível). De outra forma, compre-os recém abertos, mas frescos e congelados.
100 ml de azeite de oliva
50 grs de ervilhas frescas
Ramos de ervas frescas (manjerição, alecrim, tomilho) para o cozimento dos mariscos
1 colher de sopa de manteiga
100 grs de bacon com pouca gordura, picado em pequenos cubos
1 cebola roxa cortadas em pequenos cubos
3 ramos de salsa com as folhas rasgadas pra finalizar o prato
Se desejar, parmesão para finalizar.
Modo de preparo
Cozinhe os rabos de lagostas por 5 minutos em água fervente. Pode comprá-los já limpos.
Aquecer uma grelha, regar azeite e dourar os nacos de lagosta até adquirirem um tom dourado de todos os lados.
À parte, doure o bacon em uma panela com um fio de azeite, em fogo bem baixo até ficarem crocantes.
Acrescentar a cebola e os mariscos já pré-cozidos*.
Salteie por alguns minutos e coloque as lagostas para absorverem o sabor do bacon. Desligue o fogo e coloque as ervilhas.
Cozinhar a massa por cerca de 10 minutos. Prove para que não passe do ponto. Tire da panela sem escorrer colocando direto na panelas com os ingredientes. A água do cozimento via colaborar para deixar o prato com mais brilho. Acrescente um pouco do caldo dos mariscos peneirado.
Polvilhe queijo parmesão fresco mesmo que seja contra as regras da gastronomia (massa com frutos do mar não necessita de parmesão. Eu adoro!!
Modo de preparo dos mariscos, se forem frescos - na casca
* Os mariscos ficam bastante saborosos se forem comprados frescos. Para garantir um toque especial, lave bem as cascas dos mariscos, aqueça uma panela de fundo grosso e cubra o fundo com azeite de oliva. Em seguinda, coloque o dente de alho fatiado e os mariscos na casca. Tampe e chacoalhe a panela por cerca de um minuto, até começar a pipocar, chiar violentamente. Adicione o vinho branco seco (não precisa cobrir) e ramos de ervas frescas (manjerição, alecrim, tomilho),. Tampe novamente por cerca de 2, 3 minutos em fogo brando. Continue chacoalhando com frequência durante o processo. Acrescente uma colher de manteiga e retire do fogo. Escorra o líquido e reserve. Retiire 50% dos moluscos da casca e os demais deixe na casca para decorar o prato. Separe os que não abrirem. Sabor especial também dará à massa se assim forem pré-preparados.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Couve Diadorim com lombo à pururuca

Em rápida busca na internet, descubro que a couve “é o nome vulgar, genérico, das diversas variedades da espécie Brassica oleracea L., (ou Brassica sylvestris da família das Brassicaceae, a que também pertencem o nabo e a mostarda”. Botânicas a parte, temos utilizado muito a couve manteiga, onipresente em todas as feijoadas servidas neste mundo. Mas preparamos essa com milho verde e um pouquinho de farinha de mandioca de Morretes. Ficou tão "brasileira-mineira" que me lembrou as veredas de Graciliano...
Couve Diadorim

Um maço de couve manteiga, bem fresco
Um naco de bacon carnudo

3 espigas de milho verde raladas na hora

Uma cebola roxa

Um punhado de farinha de mandioca

Uma pimenta dedo de moça sem sementes, bem picada

Sal, pimenta do reino.
Corte o bacon em cubos e frite lentamente em lume baixo até deixá-los crocantes. Acrescente a pimenta dedo de moça e a cebola roxa picada. Deixe dourar. Coloque o milho e refogue por uns cinco minutos. Acrescente a couve cortada não muito fina e deixe apenas murchar - rapidamente. Polvilhe com um punhado de farinha de mandioca. Sirva com lombo à pururuca....

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Antepasto de Beringela II


Quente ou fria. Assada, grelhada ou frita a beringela é unanimidade quando se trata de preparar um antepasto. Além da rapidez com que se pode prepará-la, a variação de sabores é imensa com apenas alguns toques distintos. Esta receita, acompanhada por torradas de ciabatta, regadas com azeite de alecrim antes de irem ao forno, por cerca de 5 minutos.
Antepasto de beringela
1 beringela cortada em rodelas finas
2 cebolas roxas cortadas à moda chinesa
3 ramos de orégano fresco, no caso, da nossa horta
100 ml de azeite
1 pimenta dedo de moça sem sementes, bem picada
Flor de sal.
Modo de preparo
Disponha as fatias de beringela numa forma toda perfurada, tradicional para assar pizza. Asse até dourarem, por uns 5 minutos.
À parte, aqueça o azeite, doure a pimenta dedo de moça e apenas salteie a cebola, sem deixá-las amolecer. Desligue o fogo, e junte as fatias de beringela. Mexa delicadamente.
Disponha num prato, regue com azeite, distribua o orégano fresco e mexa mais uma vez delicadamente para não desmanchar as fatias de beringela.
Deixe 10 minutos na geladeira.
Salpique com flor de sal e sirva.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Arroz de Polvo

Uma nova fase na vida deve, sempre, ser comemorada. Para tanto, nada melhor que uma bela refeição e brindes, muitos brindes. E a comemoração da vez foi ao lado da querida amiga Daisy Carias de Oliveira, sommelier, que, após saber o cardápio, harmonizou com bebidas especiais. Entre eles um Crémant de Bourgogne, edição limitada de míseras 2300 garrafas... Ah, o som.....o som foi a narração do jogo do Fluminense contra o LDU, do Equador, já que Daisy e Felipones são torcedores fervorosos do time carioca, que tentava o título da Copa Sul-Americana. Não deu. Mas valeu pelo encontro que contou ainda com a presença do corinthiano Rafa...


Arroz de Polvo
300 grs de arroz branco
2 kg de polvo (dois polvos de cerca de 1 kg cada)
100 ml de azeite de oliva
3 cebolas picadas
1 lata de tomates pelados, com a polpa
caldo do cozimento do polvo – 1 xíc. de arroz para três de caldo
1 maço de brócolis – só as flores bem picadas
3 talos de aspargos frescos picados cozidos previamente no vapor por 5 minutos
1 pimenta dedo de moça sem sementes, bem picada
200 ml de vinho tinto seco
2 ovos cozidos picados
sal, pimenta do reino
páprica picante
Modo de Preparo – Lave o polvo muito bem em água corrente. Coloque-os numa panela de pressão cobrindo-os com água fria até cerca de 3 dedos acima dos moluscos. Após a panela pegar pressão, cozinhe 10 minutos e desligue. Retire o polvo, lave-os e retire a pele cuidando para não remover as ventosas. Corte os tentáculos em pedaços de 3 cm, preservando o rabo um pouco maior para decorar o prato. Reserve o caldo em que foi cozido.
À parte, em uma panela de fundo grosso e alta, aqueça parte do azeite e doure a cebola e a ‘dedo de moça’. Acrescente os tomates e a páprica e cozinhe por cerca de 15 minutos, até desmanchar bem. Acrescente o vinho, mais uns minutos até evaporar o álcool. Coloque 50% do polvo picado e, em seguida, o arroz. Refogue tudo mais uns 5 minutos e acrescente o caldo aos poucos, até o arroz estar ao dente. Coloque os demais pedaços do polvo e o aspargo picado. Não esqueça de reservar os rabos dos tentáculos. Desligue o fogo. Coloque tudo numa terrinê com o brócolis picado e o ovo. Regue com bastante azeite de oliva, tampe a terrine e coloque para aquecer no forno a 180°, por aproximadamente 10 minutos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pernil de Cordeiro em camadas com lentilhas ao dente


Pernil de Cordeiro em camadas
1 pernil de cordeiro de cerca de 2kg, cortado em fatias de 3 cm cada (peça ao seu açougueiro para cortar, o que mantém os pedaços uniformes em função do osso)
4 cebolas cortadas em rodelas
2 pimenta chilli, sem sementes, bem picada
Uns 10 ramos de hortelã
4 ramos de alecrim desfolhado e picado
Um punhado de folhas de menta
100 ml de vinho tinto, seco
100 ml de azeite extra virgem
sal e pimenta do reino moída na hora
Modo de preparo - Estique uma folha de papel alumínio (tamanho suficiente para embrulhar o pernil) sobre uma forma e reserve. Passe o sal e a pimenta do reino nas fatias do pernil, massageando bem a carne. Reque o papel alumínio com 50% do azeite, distribua 50% dos ramos de hortelã e coloque o pernil sobre os temperos sem desmanchar a seqüência das fatias. Entre os pedaços do cordeiro, distribua rodelas de cebolas, as folhas de menta, o alecrim e o chilli picado. Reque com o vinho e o restante do azeite. Cubra com o restante das cebolas em rodelas e os demais ramos de hortelã. Embrulhe a peça no alumínio e feche bem, formando um pacote. Asse por 1h40.
Sirva com Batatas assadas e Lentilhas ao dente




Lentinhas ao dente
500 gr de lentilha
100 ml de azeite
1 chilli picado
1 cebola picada
1 colher de chá cominho
1 colher de chá de páprica doce
sal
Modo de Preparo – Aqueça o azeite e acrescente o chilli, frite alguns segundos. Coloque a cebola, doure e acrescente a lentilha e os temperos (cominho e páprica). Frite mais alguns segundos e cubra de água fervente (não ultrapasse 1 dedo acima da lentilha). Vá colocando água à medida que o grão vai secando. Quando estiver ao dente e sem líquido. Deslique, regue com mais um pouco de azeite de oliva e sirva.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Japonês, bacalhau, vinho verde

Domingo inusitado e especial para esta dupla do Pastifício, com mesa farta e a presença intensa de amigos comensais. Logo cedo, fomos recebidos pela dupla Léo e Francis com sushis, temakis, tempura, saque e vinho branco. Tudo muito bom, preparado com capricho e esmero. O tempura ficou leve e crocante, com verduras raladas e camarões envolvidos em uma massa feita com água gelada e fritos em óleo de girassol. Os sushis e o temaki excelentes, com bom equilíbrio de ingredientes. Muito obrigado pelo convite.

Tempura

A dupla "sushiman"

No fim da tarde recebemos neste Pastifício Johnny, Célia e os pequenos Théo e Dora. Por motivos alheios, o quarteto não encarou o bacalhau, devorado então na companhia de Audrey, Ita e Maga, que abandonou Santo Antonio de Lisboa, apenas para matar as saudades de São Lourenço. Pra completar, Audrey ainda troxe diretamente de Portugal e Algarves, duas garrafas de "Alvarinho" Dona Paterna. A moça ainda não se refez da inebriante viagem e não pode degustar a preciosidade, mas todo mundo aprovou a escolha. Agradecemos a presença alegre de todos.



Audrey, Baby e Ita, como "papagaio de pirata"

Maga e baby felizes no pastificio