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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Farinha de milho...para fazer farofa, pra fazer farofa-fa-fa!!!

"Comprei um quilo de farinha, pra fazer farofa, pra fazer farofa, pra fazer farofa-fa-fa"..... a maior parte dos brasileiros já ouviu essa música, de Silvio Brito.
 O som do monjolo  da ‘casa’ da farinha já foi, durante anos, similar ao badalar dos sinos nas madrugadas de infância. Ao amanhecer, o resultado do trabalho de uma das primeiras máquinas utilizadas pelo homem para ajudá-lo em suas tarefas manuais podia ir à mesa. Para começar o dia, farinha de milho em flocos com leite recém tirado da vaca já nos fortalecia – penso que se houver comparação há o sucrilhos com leite.
No almoço, a farinha de milho em biju muitas vezes era o prato principal, de sabor inesquecível. Sabe frango caipira cortado em pedaços, temperado e preparado na panela de ferro, na brasa do fogão a lenha? Então. Depois de estar ao ponto, dourado, com caldo espesso  e um perfume de ervas que se somavam aos da brasa (frango de vó mesmo, que, inclusive, eu ajudava a torcer o pescoço e depenar), o biju era acrescentado em doses moderadas. Assim, a farinha não perdia a crocância e o caldo mantinha o sabor.
Como guarnição, a farinha de milho se transforma em iguaria com couve refogada (farofa de couve); com lâminas de alho e ovos pouco mexidos para preservar alguns nacos (farofa de ovos); com repolho bem laminado.....
Nunca mais vi um monjolo realmente usado no dia a dia. Os estabelecimentos do patrimônio intangível da culinária local do Paraná nos quais vivi intensamente a infância com a respectiva alimentação local ficaram para trás, como artigo decorativo. 
À época, não muito distante, cozer o sangue em caldeirões mexendo sem parar acertando o ponto, conforme o pai comandava, para preparar o chouriço perfeito; ou encharcar uma fatia de ‘pão de casa’ com banha de porco fresca (hoje guardada para o preparo dos mais diversos confit),.....mantinha o povo forte para ir à labuta. Nos tempos de hoje, o colesterol aumenta só de sentir o cheiro de tais ingredientes. O que importa mesmo é preservar e disseminar  o gosto por determinados alimentos, que se modificam com o passar do tempo, mas podem ter espaço garantido na despensa e na nossa memória afetiva.